2.5.17

Universo Particular

Sempre fui apreciadora nata de detalhes, detalhes quase imperceptíveis a olho nu mas completamente visíveis pela alma. Nunca entendi ao certo minhas atrações um tanto quanto exóticas e paradoxais devaneios recorrentes da mente e afagos do corpo. Olhos sempre me encantaram, parece clichê, e é na verdade, mas sou apaixonada por eles, e acredite isso atribui muito mais que o obvio. Detalhes. Os cílios, tão repletos de ingenuidade como se fossem cortinas de veludo macio pairando por sobre o palpitar das pálpebras desvanecidas de vivência, como se quisessem mostrar que o mundo é simples ou que sorvete de flocos é gostoso. Com o tempo você aprende a enxergar através de um olhar, a pupila e a córnea se difundem e a visão se transforma no mais belo e genuíno espelho da alma. Sou provida de enxergar no âmago da íris e da maneira como a pele macia do rosto se contrai ao levar as pálpebras a pairar sobre o globo ocular toda a sua magnitude e verdade oculta. Não há nada que demonstre mais verdade que um olhar, o desejo, o sorriso, os cabelos que irradiam quando expostos ao sol, as têmporas, a espinha dorsal sob as costas, a clavícula sob o peitoral e até mesmo o coração, todos se encontram na eventualidade ocasional de um olhar. Ah, eu moraria nos seus olhos, pentearia seus cílios com todo o cuidado e amor, apreciaria a cada instante o verde-acastanhado e afável do ambiente, e me deixaria ser levada toda e completamente pelos caminhos do seu universo particular.


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